Fonte:
http://alertatotal.blogspot.com
http://alertatotal.blogspot.com/2006...ispanizar.html
Por Eduardo Silva
O governo decidiu recentemente encampar a adoção do espanhol como língua obrigatória no ensino brasileiro, usando como pretexto a velha ladainha da cartilha esquerdista. É uma medida que ao longo do tempo pode ter grande influência sobre a vida e culturas brasileiras e no entanto foi aprovada e discutida meio na surdina, sem o devido conhecimento da sociedade. A nossa imprensa e os nossos políticos praticamente não se pronunciaram a respeito.
Não sou contra se aprender uma língua estrangeira. Pelo contrário, enriquece. Naturalmente cada um aprende o que bem lhe convier. Estou contra é a imposição do monopólio de uma língua, como o governo está fazendo, à força e em massa, em nome de uma enganação chamada "integração". Por acaso o Brasil estará daqui por diante condenado a "exclusivamente" se relacionar apenas com os vizinhos hispânicos?
Que absurdo, o mundo se globalizou. Estamos cada vez mais em contato com múltiplas e diversas culturas do planeta. Tanto faz se está ali do lado ou em outro continente. Portugal e Angola, por exemplo, ficam do outro lado do oceano e no entanto histórica e culturalmente têm muito mais a ver com o Brasil do que os países vizinhos. Existe até mesmo uma relação sanguínea com as duas nações lusófonas.
Preferências - O idioma de comunicação internacional é o inglês, queira-se ou não. Mas é justamente o inglês o que este governo de inspiração "guevariana" está querendo restringir -- como quis fazer no começo do ano em relação aos candidatos a diplomata do Itamaraty. Estão fazendo do espanhol uma segunda língua obrigatória, na lei, mas nem sequer mencionam o inglês nessa mesma lei -- uma pegadinha bem sem-vergonha pois algumas escolas, sem poder arcar maiores custos, vão oferecer apenas uma língua, e como a única obrigatória por lei é o espanhol é evidente que os alunos ficarão na prática sem opção.
O governo é composto de pessoas que se encantaram (ou se encantam) com a ideologia socialista comunista e que devido à ditadura viveram no exílio em países como Cuba. Eles têm uma identificação com o espanhol porque vários adoram Cuba e seu "ídolos" falam espanhol , como Fidel e Guevara. Portanto querem impor suas "preferências pessoais" ao povo brasileiro, pouco se importando em saber se isso é realmente o melhor e mais vantajoso para os estudantes. Resumindo: é puro dirigismo cultural baseado no gosto pessoal da atual equipe do Planalto.
"Entregação" - Ultimamente inventaram essa "urgência" de integração do Brasil com os vizinhos, como se fosse um dever, uma obrigação. Nem parece realmente que o governo, e fora dele os inúmeros discípulos de Fidel Castro querem uma integração, mas uma fusão, a anulação das identidades nacionais (já desfiguraram até o nosso passaporte, agora azul e com o rótulo Mercosul tão destacado quanto o nome República Federativa do Brasil) em nome de uma união dos "latinos" - "união", claro, contra os EUA, o real objetivo. Vejam só as figuras cavilosas que pregam essa urgência: Chavez, Fidel...
Na verdade não querem uma integração mas uma "entregação". É mais uma daquelas verdades pré-estabelecidas pela esquerda de inspiração "revolucionária". Porque se parte do raciocínio bisonho de que o Brasil é que tem de se "adaptar" aos outros, de que tem de se submeter, de se esforçar e se forçar a importar outras culturas? Porque a Espanha faz um pesado lobby para impor de forma colonial a sua língua se ela não pensa em adotar o português nas suas escolas? Que arrogância é essa? Porque milhões de estudantes brasileiros, em massa, terão de aprender o espanhol se uma quantidade muito menor de estudantes espanhóis não vai fazer o mesmo quanto ao português? E olhe que eles têm Portugal como vizinho.
Portanto essa pregação de "integração" com os vizinhos (pretexto cinicamente também utilizado pela Espanha) só "vale" para o Brasil, não valendo para os países que falam espanhol. Alguém já ouviu seriamente que os vizinhos do Brasil vão adotar o português nos seus currículos? Que raio de integração é essa que só um se mobiliza, só um se integra? Tudo uma grande malandragem. Na verdade a Espanha está de olho no Brasil como um futuro mercado cativo para os seus produtos culturais e educacionais -- "coincidentemente" poderosos grupos editorias espanhóis compraram editoras nacionais nos últimos meses. Estranho, não? Nunca se conformaram pelo fato do Brasil ter-lhes escapado das mãos na época colonial. Estão sim é engendrando uma espécie de neo-colonização do Brasil.
Bilingue - Há algum tempo a vice primeira-ministra espanhola visitou Brasília e declarou irrestrito apoio ao trabalho que o governo Lula realiza, minimizando mesmo as denúncias de corrupção, que para ela estão sendo "combatidas". Claro, interessa aos espanhóis um governo brasileiro como este, que atende tão docilmente aos seus interesses - curiosamente a boa vontade política no sentido oposto não existe: a Espanha é explicitamente contra um assento brasileiro no Conselho de Segurança da ONU.
Tanto o embaixador espanhol como a vice primeira-ministra soltam justificativas capciosas, de evidente caráter unilateral. Fazem loas por o Brasil estar adotando o espanhol, embora eles mesmos não falem nada a respeito da Espanha adotar medida recíproca. Parecem preocupadíssimos na ampla implantação dessa medida e de uma forma definitiva, sem volta. O mote utilizado é "consolidar um espaço ibero-americano", a pretexto de integração. Bando de espertalhões...
Aliás "ibero-americano" resume bem a estratégia da Espanha - deliberadamente eles evitam o termo "latino-americano", pois planejam no fundo colocar todos os países hispânicos, Brasil e Portugal sob a sua esfera de influência. Não é por acaso que estão comprando muitos negócios no Brasil e vão fazer de tudo para transformar o país em "bilíngue", como a própria imprensa de lá já anuncia.
Querem fazer a cabeça dos brasileiros de que eles precisam ser bilingues e de que isso é "bom", embora paradoxalmente eles mesmos não se preocupem em ser bilingues. Porque será? Além do mais, nenhuma grande nação ou cultura do mundo é bilíngue. Da Roma antiga ao Império Britânico, do auge da cultura francesa aos EUA de hoje, quem tem o poder é que impõe sua língua e não o inverso. O governo Lula quer fazer o contrário: quer "dominar" a América do Sul importando a língua dos "dominados". É hilário...
O ruim é se a nossa imprensa e outros formadores de opinião, às vezes tão ansiosos em adotar o último modismo ou aceitar sem questionar "verdades" pré-estabelecidas, encampem a pilantragem espanhola. Pois deste governo não há a menor esperança de que seja dado um "peraí-vamos-com-calma". O governo Lula, apesar de deslumbradíssimo e se achando a salvação nacional, está através da sua inépcia, fazendo do Brasil um país bobo .
Mitos - Infelizmente começa a se disseminar na sociedade, a partir do lero-lero esquerdista do governo e do lobby hispânico, inverdades que põe o espanhol como mais "vantajoso" e "necessário".
A primeira é que ele seria o idioma da maioria no continente. Falso. O português é a língua mais falada da América do Sul - que é o que importa pois os demais países da chamada "América Latina" não são vizinhos, estão em outro continente, tão distantes quanto a Europa - simplesmente porque os brasileiros somam um número maior do que todas as populações vizinhas. E língua se conta por números de falantes, não por número de países - os menos de 4 milhões do Uruguai, por exemplo, equivalem a apenas alguns bairros de São Paulo. A Argentina inteira é menos povoada do que o estado de São Paulo.
O espanhol seria mais rico do que o português. Falso. O português brasileiro é bem mais rico, moderno e criativo (até foneticamente) do que o espanhol. Eis a opinião de quem entende:
http://www.bbc.co.uk/portuguese /noticias/story/2004/06/040617 _lucasmendes.shtml
O português "deriva" do espanhol. Falso. As duas línguas se desenvolveram diretamente do latim ao mesmo tempo e devido à proximidade geográfica tem alguma similaridade, principalmente na escrita.
O espanhol é vantajoso pois seria a 2ª língua mais falada no mundo. Falso. Segundo o respeitadíssimo British Council, inglês e francês são as línguas mais internacionais, com ampla dianteira para o inglês, óbvio. Na Ásia e na África, a grosso modo, ninguém fala espanhol, apenas inglês ou francês. Na Europa o inglês impera como 2º idioma.
O que acontece é que o espanhol está mais próximo geograficamente dos EUA e daí, com a penetração mundial da mídia americana, tem-se a impressão de ele é mais forte do que realmente é. Ele está hoje muito presente no cinema americano através dos personagens hispânicos. Se fosse o Brasil o vizinho dos EUA (ainda bem que não pois seria sufocante), ou tivesse milhões de imigrantes lá, o português teria o mesmo tipo de projeção.
"Anexação" cultural - Engana-se quem pensa que o que estão fazendo não vai ter consequências para a cultura e língua brasileiras. Na Espanha e na Argentina, com suas já manjadas tendências megalomaníacas, estão "comemorando" que o Brasil se tornará um país "bilíngue". Comemoram como se tivessem "vencido" o Brasil, como se de agora em diante fossem "dominar" o nosso país, impondo-nos sua língua.
Parece delírio de espanhóis e argentinos. Mas talvez não seja. Eles estão no fundo prevendo uma hispanização do Brasil, antevendo que milhões irão falar o idioma deles, como se enfim o Brasil tivesse cedido à "superioridade" do espanhol sobre o português. A arrogância é indisfarçável. Acham que nos "anexarão" culturalmente porque no futuro imaginam que os brasileiros serão consumidores cativos e vorazes dos seus produtos culturais.
É ingênuo achar que ao empurrarem uma língua assim, em massa, não haverá efeitos "colaterais". Veja o que acontece com o cinema brasileiro, por exemplo, que tem muita dificuldade de exibição porque as telas são tomadas pelo cinema de Hollywood. E se em vez de apenas o cinema americano os diretores brasileiros tiverem que concorrer com outros dois ou três?
Pra quem tem orçamento curto, portanto quase todo mundo, muitas vezes quando se compra um CD de um artista americano significa que pode estar se deixando de comprar um CD de artista brasileiro. E pode-se repetir a mesma situação para livros, dvds etc etc. E olhe que proporcionalmente à população poucos brasileiros sabem inglês.
Mesmos os que não sabem já se acostumaram com o o idioma, seja na música seja nos milhares de rótulos, marcas e termos nessa língua. Imagine-se então o que pode acontecer com o espanhol, que é muito mais fácil de se aprender. Além do mais não é preciso haver uma "avalanche" de produtos em espanhol para haver uma "influência". Pode ocorrer de forma muito sutil e gradual.
Querem que o espanhol "represente" o Brasil e este governo petista está comprando a idéia. Quando os hispânicos vierem ao Brasil acharão que os brasileiros terão "obrigação" de entendê-los. Quando os brasileiros os visitarem serão "obrigados" a se fazerem entender em espanhol. As multinacionais desprezarão o português (e para economizarem custos) vão desenvolver os seus produtos, anúncios publicitários e manuais apenas em espanhol.
Afinal o Brasil não será "bilíngue"? Se lá fora já confundem a nossa cultura com a mexicana, cubana etc - porque acreditam que no Brasil dançamos salsa, falamos espanhol, temos aquela cara estereotipada de mexicano, entre outros equívocos - dá pra antever a distorção que vai ocorrer se essa idéia hispanizada partir de dentro do próprio Brasil.
A idéia de enriquecimento cultural ao se aprender outra língua é verdadeira, mas dentro de uma quadro democrático, variado e natural, a partir das escolhas pessoais de cada um, não de um projeto de imposição massificada e monopolista de uma única língua como querem fazer. Isso é outra coisa, é lavagem cerebral.
Eduardo Silva é analista de Comércio Exterior
http://alertatotal.blogspot.com
http://alertatotal.blogspot.com/2006...ispanizar.html
Por Eduardo Silva
O governo decidiu recentemente encampar a adoção do espanhol como língua obrigatória no ensino brasileiro, usando como pretexto a velha ladainha da cartilha esquerdista. É uma medida que ao longo do tempo pode ter grande influência sobre a vida e culturas brasileiras e no entanto foi aprovada e discutida meio na surdina, sem o devido conhecimento da sociedade. A nossa imprensa e os nossos políticos praticamente não se pronunciaram a respeito.
Não sou contra se aprender uma língua estrangeira. Pelo contrário, enriquece. Naturalmente cada um aprende o que bem lhe convier. Estou contra é a imposição do monopólio de uma língua, como o governo está fazendo, à força e em massa, em nome de uma enganação chamada "integração". Por acaso o Brasil estará daqui por diante condenado a "exclusivamente" se relacionar apenas com os vizinhos hispânicos?
Que absurdo, o mundo se globalizou. Estamos cada vez mais em contato com múltiplas e diversas culturas do planeta. Tanto faz se está ali do lado ou em outro continente. Portugal e Angola, por exemplo, ficam do outro lado do oceano e no entanto histórica e culturalmente têm muito mais a ver com o Brasil do que os países vizinhos. Existe até mesmo uma relação sanguínea com as duas nações lusófonas.
Preferências - O idioma de comunicação internacional é o inglês, queira-se ou não. Mas é justamente o inglês o que este governo de inspiração "guevariana" está querendo restringir -- como quis fazer no começo do ano em relação aos candidatos a diplomata do Itamaraty. Estão fazendo do espanhol uma segunda língua obrigatória, na lei, mas nem sequer mencionam o inglês nessa mesma lei -- uma pegadinha bem sem-vergonha pois algumas escolas, sem poder arcar maiores custos, vão oferecer apenas uma língua, e como a única obrigatória por lei é o espanhol é evidente que os alunos ficarão na prática sem opção.
O governo é composto de pessoas que se encantaram (ou se encantam) com a ideologia socialista comunista e que devido à ditadura viveram no exílio em países como Cuba. Eles têm uma identificação com o espanhol porque vários adoram Cuba e seu "ídolos" falam espanhol , como Fidel e Guevara. Portanto querem impor suas "preferências pessoais" ao povo brasileiro, pouco se importando em saber se isso é realmente o melhor e mais vantajoso para os estudantes. Resumindo: é puro dirigismo cultural baseado no gosto pessoal da atual equipe do Planalto.
"Entregação" - Ultimamente inventaram essa "urgência" de integração do Brasil com os vizinhos, como se fosse um dever, uma obrigação. Nem parece realmente que o governo, e fora dele os inúmeros discípulos de Fidel Castro querem uma integração, mas uma fusão, a anulação das identidades nacionais (já desfiguraram até o nosso passaporte, agora azul e com o rótulo Mercosul tão destacado quanto o nome República Federativa do Brasil) em nome de uma união dos "latinos" - "união", claro, contra os EUA, o real objetivo. Vejam só as figuras cavilosas que pregam essa urgência: Chavez, Fidel...
Na verdade não querem uma integração mas uma "entregação". É mais uma daquelas verdades pré-estabelecidas pela esquerda de inspiração "revolucionária". Porque se parte do raciocínio bisonho de que o Brasil é que tem de se "adaptar" aos outros, de que tem de se submeter, de se esforçar e se forçar a importar outras culturas? Porque a Espanha faz um pesado lobby para impor de forma colonial a sua língua se ela não pensa em adotar o português nas suas escolas? Que arrogância é essa? Porque milhões de estudantes brasileiros, em massa, terão de aprender o espanhol se uma quantidade muito menor de estudantes espanhóis não vai fazer o mesmo quanto ao português? E olhe que eles têm Portugal como vizinho.
Portanto essa pregação de "integração" com os vizinhos (pretexto cinicamente também utilizado pela Espanha) só "vale" para o Brasil, não valendo para os países que falam espanhol. Alguém já ouviu seriamente que os vizinhos do Brasil vão adotar o português nos seus currículos? Que raio de integração é essa que só um se mobiliza, só um se integra? Tudo uma grande malandragem. Na verdade a Espanha está de olho no Brasil como um futuro mercado cativo para os seus produtos culturais e educacionais -- "coincidentemente" poderosos grupos editorias espanhóis compraram editoras nacionais nos últimos meses. Estranho, não? Nunca se conformaram pelo fato do Brasil ter-lhes escapado das mãos na época colonial. Estão sim é engendrando uma espécie de neo-colonização do Brasil.
Bilingue - Há algum tempo a vice primeira-ministra espanhola visitou Brasília e declarou irrestrito apoio ao trabalho que o governo Lula realiza, minimizando mesmo as denúncias de corrupção, que para ela estão sendo "combatidas". Claro, interessa aos espanhóis um governo brasileiro como este, que atende tão docilmente aos seus interesses - curiosamente a boa vontade política no sentido oposto não existe: a Espanha é explicitamente contra um assento brasileiro no Conselho de Segurança da ONU.
Tanto o embaixador espanhol como a vice primeira-ministra soltam justificativas capciosas, de evidente caráter unilateral. Fazem loas por o Brasil estar adotando o espanhol, embora eles mesmos não falem nada a respeito da Espanha adotar medida recíproca. Parecem preocupadíssimos na ampla implantação dessa medida e de uma forma definitiva, sem volta. O mote utilizado é "consolidar um espaço ibero-americano", a pretexto de integração. Bando de espertalhões...
Aliás "ibero-americano" resume bem a estratégia da Espanha - deliberadamente eles evitam o termo "latino-americano", pois planejam no fundo colocar todos os países hispânicos, Brasil e Portugal sob a sua esfera de influência. Não é por acaso que estão comprando muitos negócios no Brasil e vão fazer de tudo para transformar o país em "bilíngue", como a própria imprensa de lá já anuncia.
Querem fazer a cabeça dos brasileiros de que eles precisam ser bilingues e de que isso é "bom", embora paradoxalmente eles mesmos não se preocupem em ser bilingues. Porque será? Além do mais, nenhuma grande nação ou cultura do mundo é bilíngue. Da Roma antiga ao Império Britânico, do auge da cultura francesa aos EUA de hoje, quem tem o poder é que impõe sua língua e não o inverso. O governo Lula quer fazer o contrário: quer "dominar" a América do Sul importando a língua dos "dominados". É hilário...
O ruim é se a nossa imprensa e outros formadores de opinião, às vezes tão ansiosos em adotar o último modismo ou aceitar sem questionar "verdades" pré-estabelecidas, encampem a pilantragem espanhola. Pois deste governo não há a menor esperança de que seja dado um "peraí-vamos-com-calma". O governo Lula, apesar de deslumbradíssimo e se achando a salvação nacional, está através da sua inépcia, fazendo do Brasil um país bobo .
Mitos - Infelizmente começa a se disseminar na sociedade, a partir do lero-lero esquerdista do governo e do lobby hispânico, inverdades que põe o espanhol como mais "vantajoso" e "necessário".
A primeira é que ele seria o idioma da maioria no continente. Falso. O português é a língua mais falada da América do Sul - que é o que importa pois os demais países da chamada "América Latina" não são vizinhos, estão em outro continente, tão distantes quanto a Europa - simplesmente porque os brasileiros somam um número maior do que todas as populações vizinhas. E língua se conta por números de falantes, não por número de países - os menos de 4 milhões do Uruguai, por exemplo, equivalem a apenas alguns bairros de São Paulo. A Argentina inteira é menos povoada do que o estado de São Paulo.
O espanhol seria mais rico do que o português. Falso. O português brasileiro é bem mais rico, moderno e criativo (até foneticamente) do que o espanhol. Eis a opinião de quem entende:
http://www.bbc.co.uk/portuguese /noticias/story/2004/06/040617 _lucasmendes.shtml
O português "deriva" do espanhol. Falso. As duas línguas se desenvolveram diretamente do latim ao mesmo tempo e devido à proximidade geográfica tem alguma similaridade, principalmente na escrita.
O espanhol é vantajoso pois seria a 2ª língua mais falada no mundo. Falso. Segundo o respeitadíssimo British Council, inglês e francês são as línguas mais internacionais, com ampla dianteira para o inglês, óbvio. Na Ásia e na África, a grosso modo, ninguém fala espanhol, apenas inglês ou francês. Na Europa o inglês impera como 2º idioma.
O que acontece é que o espanhol está mais próximo geograficamente dos EUA e daí, com a penetração mundial da mídia americana, tem-se a impressão de ele é mais forte do que realmente é. Ele está hoje muito presente no cinema americano através dos personagens hispânicos. Se fosse o Brasil o vizinho dos EUA (ainda bem que não pois seria sufocante), ou tivesse milhões de imigrantes lá, o português teria o mesmo tipo de projeção.
"Anexação" cultural - Engana-se quem pensa que o que estão fazendo não vai ter consequências para a cultura e língua brasileiras. Na Espanha e na Argentina, com suas já manjadas tendências megalomaníacas, estão "comemorando" que o Brasil se tornará um país "bilíngue". Comemoram como se tivessem "vencido" o Brasil, como se de agora em diante fossem "dominar" o nosso país, impondo-nos sua língua.
Parece delírio de espanhóis e argentinos. Mas talvez não seja. Eles estão no fundo prevendo uma hispanização do Brasil, antevendo que milhões irão falar o idioma deles, como se enfim o Brasil tivesse cedido à "superioridade" do espanhol sobre o português. A arrogância é indisfarçável. Acham que nos "anexarão" culturalmente porque no futuro imaginam que os brasileiros serão consumidores cativos e vorazes dos seus produtos culturais.
É ingênuo achar que ao empurrarem uma língua assim, em massa, não haverá efeitos "colaterais". Veja o que acontece com o cinema brasileiro, por exemplo, que tem muita dificuldade de exibição porque as telas são tomadas pelo cinema de Hollywood. E se em vez de apenas o cinema americano os diretores brasileiros tiverem que concorrer com outros dois ou três?
Pra quem tem orçamento curto, portanto quase todo mundo, muitas vezes quando se compra um CD de um artista americano significa que pode estar se deixando de comprar um CD de artista brasileiro. E pode-se repetir a mesma situação para livros, dvds etc etc. E olhe que proporcionalmente à população poucos brasileiros sabem inglês.
Mesmos os que não sabem já se acostumaram com o o idioma, seja na música seja nos milhares de rótulos, marcas e termos nessa língua. Imagine-se então o que pode acontecer com o espanhol, que é muito mais fácil de se aprender. Além do mais não é preciso haver uma "avalanche" de produtos em espanhol para haver uma "influência". Pode ocorrer de forma muito sutil e gradual.
Querem que o espanhol "represente" o Brasil e este governo petista está comprando a idéia. Quando os hispânicos vierem ao Brasil acharão que os brasileiros terão "obrigação" de entendê-los. Quando os brasileiros os visitarem serão "obrigados" a se fazerem entender em espanhol. As multinacionais desprezarão o português (e para economizarem custos) vão desenvolver os seus produtos, anúncios publicitários e manuais apenas em espanhol.
Afinal o Brasil não será "bilíngue"? Se lá fora já confundem a nossa cultura com a mexicana, cubana etc - porque acreditam que no Brasil dançamos salsa, falamos espanhol, temos aquela cara estereotipada de mexicano, entre outros equívocos - dá pra antever a distorção que vai ocorrer se essa idéia hispanizada partir de dentro do próprio Brasil.
A idéia de enriquecimento cultural ao se aprender outra língua é verdadeira, mas dentro de uma quadro democrático, variado e natural, a partir das escolhas pessoais de cada um, não de um projeto de imposição massificada e monopolista de uma única língua como querem fazer. Isso é outra coisa, é lavagem cerebral.
Eduardo Silva é analista de Comércio Exterior